Prometheus, o prelúdio de Alien - O Oitavo Passageiroque
conta a história de uma expedição espacial a bordo da nave que dá nome ao
filme, marca não só o retorno de Ridley
Scott à franquia
e ao gênero da ficção científica depois de 30 anos, como também responde a uma
das mais perturbadoras questões que assolam a humanidade: afinal, quem veio
primeiro, o ovo ou a galinha?
Há outras perguntas, claro, como aquela feita pelo escritor Erich von Däniken no livro de 1968 Eram os Deuses Astronautas?, que Scott diz homenagear
com o filme. Embora Prometheus aborde as supostas origens
extraterrestres da raça humana, porém, é de maternidade, em particular, que
trata todo Alien. E este
prelúdio, assim como os demais longas da série, reorganiza de um modo menos
sutil e mais calculado as metáforas feministas propostas em O Oitavo Passageiro.
Credulidade e racionalidade opõem as duas, mas como estamos no
terreno de Alien há mais diferenças em jogo. Elizabeth
diz ser estéril e se ressente de não poder ter filhos, enquanto Meredith se
orgulha de seu sexo; quando o piloto negro e forte da Prometheus dá em cima da
fria loira, ela só cede na hora em que o homem questiona se ela não seria, na
verdade, uma robô. Como em todo Alien, a afirmação
pessoal é acima de tudo uma demonstração do sexo - o que consequentemente leva
à questão materna e ao velho nó do ovo e da galinha.
O retorno não só de Scott mas também do suiço H.R. Giger, o
criador do design do alien original, como consultor em Prometheus rende
uma nova leva de símbolos - das cobras fálicas ao "engenheiro" (nome
dado ao criador da raça humana) retratado como um ultramacho, com seus músculos
definidos - então os desafios às mulheres só aumentam. Estamos em um sci-fi de
terror sobre violações e fecundações, afinal, e há uma cota de secreções
viscosas a atingir. O 3D valoriza essa variedade de texturas quando as ressalta
da tela - não só as gosmas mas também o vapor, o metálico, o terroso - e torna Prometheus mais
táctil, mais imersivo.
De resto, convém não esperar nenhum milagre do cinema.Prometheus reproduz o primeiro Alien não
só no subtexto, mas também na estrutura, que envolve novamente um contato
prometéico com o desconhecido, que então gera um castigo do espaço a ser
resolvido com muitos sacrifícios. Descontados os atalhos apressados da
narrativa, os diálogos literais e os desencontros de continuidade (Prometheus não se encaixa perfeitamente com a
situação em que encontramos o Space Jockey em Alien), o filme tem
seus momentos.
A cena do "parto", especialmente, é linda, com a
injeção de anestesia paralisando a câmera à altura dos olhos da pessoa deitada,
que então assiste ao resultado do seu desafio aos deuses. Nesse sentido, Prometheus, embora tenha toda uma vocação para a
megalomania, é muito coerente com outros Alien, que não são
mais do que contos de cautela sobre o horror de ser mulher em um universo de
homens.
Critica por : Marcelo Hessel
From : Omelete
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